Como é mágico deitar
nesta rede ao final da tarde e ver o mar engolir o sol aos poucos. O
entardecer mancha o poente de cores fortes e traz uma brisa que
prenuncia a chegada da noite. Ao longe gaivotas piam fino e desenham
formas virtuais no horizonte. Tudo isso é arte do Criador que nunca
conclui a espetacular aquarela da vida.
Vejo que os pescadores já
retornam e puxam as jangadas para a areia. Amanhã estarão de
madrugada outra vez na peleja com os peixes. Por agora, no entanto,
catam canções tristes e sonolentas, enquanto mostram aos turistas o
resultado da pesca.
A orla começa a se
aquietar, os bares se fecham, a ventania aumenta. Ouço um violão
nostalgicamente dedilhado. Não vejo o tocador. Sei de sua existência
porque o vento me traz fragmentos de acordes.
Agora já há um manto
estrelado sobre o infinito. As águas estão agitadas e começa a
esfriar. Preciso ir. Mas amanhã estarei aqui novamente em saudação à
aurora.
Adriano Curado
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